NÃO SOU O MAIS

on segunda-feira, 30 de agosto de 2010



Sou o incomparável? O melhor que todos? O inigualável? Não. Sou uma pessoa que tem virtudes e potenciais a serem desenvolvidos cada vez mais, e também limitações a serem ultrapassadas. Eu sou sempre uma possibilidade de vir a ser. De vir a ser mais, de ser melhor. Não melhor do que quem quer que seja, mas, melhor que eu mesmo.

O referencial para a medida do meu crescimento não deve ser os outros, mas eu mesmo. Devo ser hoje mais capaz, melhor empreendedor de novas conquistas, mais realizado, melhor pessoa, do que fui ontem; e amanhã ser melhor do que estou sendo hoje, sem cair na roda viva da busca desenfreada do ter, do ajuntar coisas, do estar acima de todos, do ser melhor que qualquer um.

Devo ser mais, e melhor, que eu mesmo. Isso fala de auto-superação, de avanço sem prepotência, de mudança para melhor, de transformação saudável.

A visão equilibrada de si mesmo é fundamental para a realização pessoal, e para o viver em sociedade. Quem não tem clareza sobre que é, consequentemente não tem propósito a alcançar, nunca se sentirá alguém, nem trabalhará o crescimento pessoal, tão pouco fará grandes conquistas.

O apóstolo Paulo numa carta que escreveu aos cristãos que estavam na cidade de Roma os exortou dizendo: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Por isso, pela graça que me foi dada digo a todos vocês: ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter, mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu”(Rm.12:2,3).

O que o apóstolo estava ensinando era que eles deveriam ter uma visão adequada de si mesmos. Uma visão equilibrada. Não se verem melhores, nem inferiores a ninguém. Deveriam ver-se como realmente eram em possibilidades e limitações.

Ao dizer “não se amoldem ao padrão deste mundo”, o apóstolo estava ensinando a que não fossem imediatistas, consumistas, excessivamente competidores, nem secos de afetos em seus relacionamentos, como o comum das pessoas de seu tempo, e que em nada diferem das de hoje.

Ao declarar “tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus repartiu a cada um”, estava dizendo que Deus me capacitou a crer que eu sou o que sou hoje, e que poderei ser melhor amanhã, do que o hoje. Que tenho um potencial com possibilidade de desenvolvimento maior, e inadequações a serem superadas bem mais.

A expressão “tenha um conceito equilibrado” me diz que não devo ver-me como o acima de tudo e de todos, o inigualável, o supras-sumo, o ninguém me alcança. A quebra de recordes nos ensina muito bem sobre isso.

Aquele que tem um auto-conceito super-dimensionado, que se vê sempre como “o mais que todos”, ao contemplar seus pontos positivos, suas virtudes, as vê através de lentes de aumento, e o resultado é “sou o tal”. Mas se em algum momento consegue voltar-se para limitações e defeitos, não os encontra, ou os vê através da miopia. São uns defeitinhos quase nada.

Ao voltar sua atenção para as outras pessoas retira as lentes de aumento, e opta pelas lentes da miopia. O resultado é uma visão diminuta do outro, e desvalorização dos pertences dele.

Quem se conceitua como o melhor que todos é um orgulhoso, vaidoso, prepotente, alguém que na verdade não sabe quem é, não vê sua realidade, não tem solo firme debaixo dos pés.

Nós somos o que somos, e o que poderemos vir a ser. Nos empenhemos por ser mais, mais que nós mesmos, e nunca que ninguém.

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