PAIXÃO: AMOR VERDADEIRO, OU ENGANO DO CORAÇÃO? IV

on terça-feira, 11 de outubro de 2011


A possessividade é a marca fundamental do coração apaixonado. Este se sente dono absoluto daquele que é o alvo dos seus afetos.

Muitas pessoas, quando não conseguem possuir o ser alvo do seu desejo, optam por destruí-lo, contanto que ele não venha ser um pertence de outrem. São os chamados crimes passionais.

Há nas prisões uma grande quantidade de homens e mulheres que abateram pessoas a quem diziam amar, mas por quem nutriam, na verdade, era mera paixão. E destruíram ao outro, somente por uma questão de exacerbado sentimento de posse.

Geralmente os apaixonados estão em busca da realização que satisfaça o seu ego, sobretudo, o prazer sexual. Uma vez realizada a posse, e o prazer ter sido usufruído, é comum começar a haver o início da morte da paixão e o arrefecimento da busca do outro.

Outro aspecto importante a ser observado no que concerne à paixão é a questão da aversão. Em final de relacionamento estabelecido à base da simples paixão, é comum haver no que fora apaixonado, uma aversão forte à pessoa por quem se sentira atraído. A atração inicial é substituída pela aversão; o suposto amor, pelo ódio; o desejo de comunhão, pelo afastamento radical; e as atitudes de carinho são trocadas pelas atitudes de rejeição, de agressividade, e de violência, para com aquele que outrora fora tão intensamente desejado.

A experiência de Amnom retrata muito bem o que estamos dizendo.

“Logo depois Amnon sentiu uma forte aversão por ela, mais forte do que a paixão que sentira. E lhe disse ‘Levante-se e saia.’ Mas ela lhe disse: ‘Não, meu irmão, mandar-me embora seria pior do que o mal que você me fez.’ Ele, porém, não quis ouvi-la e, chamando seu servo disse-lhe: ‘Ponha esta mulher para fora daqui e tranque a porta.’ Então o servo a pôs para fora e trancou a porta”.

A aversão e a rejeição que vem depois da paixão vencida, são mais fortes e destruidoras que a paixão mesma. Além disso, em seu final, a paixão deixa grande dor em quem foi alvo da atração do outro, e até sentimento de vingança.

A paixão altera o rumo da vida, tanto daquele que se apaixona, quanto daquele que foi alvo da paixão do outro, bem como de familiares achegados.

A Tamar, o saldo foi uma vida marcada pela desgraça, pela mágoa, e por uma provável existência sem casar-se, apenas se envolvendo com as questões sociais do reino, como entendem alguns estudiosos. A Amnon, o desejo insaciável e irresponsável deixou como resultado, a morte. Ao rei Davi, o pai de Tamar, sobrou muita indignação para com o filho primogênito, e um sentimento de dor e perda quando ele foi assassinado por Absalão seu irmão, e irmão de Tamar. A Absalão, o irmão de Tamar, sobrou o título de homicida, a fuga para a casa do avô materno em uma nação vizinha, a separação familiar e muita angústia na lalma.

A paixão sempre gera dores e tormentos para muitos.

As características que marcam o amor são muitíssimo diferentes daquelas que marcam a paixão. Paixão e amor são diametralmente diferentes.

O amor verdadeiro é foerte, mas cheio de graça. Quando se estabelece, gera vida e paz, e nunca apego desvairado e violento, como o faz a paixão.

O amor tem fogo, isto é, atração intensa, mas, fogo que não destrói o ser amado. É fogo que gera união, com durabilidade. A paixão tem fogo, e muito fogo, mas ao seu final, quando o fogo se esvai, deixa um saldo de afastamento, separação, problemas e dor.

O amor une, mas une sem acorrentar. O amor liga as pessoas sem aprisioná-las a ninguém, ao passo que a paixão estabelece um governo opressor, e até mesmo aprisionador. A paixão é estupidamente egocêntrica e cerceadora da liberdade de ser e de se mover.

Um dos aspectos básicos da paixão é a sua capacidade de desestruturar, de deixar o apaixonado desequilibrado. O amor é diferente naquilo que produz no coração das pessoas.

O amor é sensato e gerador de alegria, prazer e equilíbrio. O amor é força que faz viver.

Aqueles que verdadeiramente se amam cultivam respeito ao ser amado, e trabalham o crescimento dele, porque, o que desejam, é fazer o outro feliz, o que não acontece com a paixão.

O amor estabelece o companheirismo, a fraternidade, e a entrega deliberada e consciente de um ao outro.

Amor não se compra, sem se consegue à força. Amor se conquista através de ações amoráveis.

O projeto de Deus para as pessoas é que se amem intensamente, se cuidem reciprocamente, e convivam em harmonia respeitosa.

Não ao fogo destruidor, e sim ao fogo edificador.

Não à mera paixão, e sim ao verdadeiro amor.

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